“Alguém considera que se o peronismo não for bem em setembro, nas [eleições] provinciais, no que é o bastião do peronismo, podemos ir bem em outubro?”, questionou em entrevista ao canal de notícias argentino C5N, ao explicar sua candidatura.

Kirchner se referiu às eleições legislativas nacionais marcadas para outubro. Segundo ela, o resultado no pleito um mês antes na província, que concentra quase 40% do eleitorado argentino e onde o peronismo tem força histórica, terá impacto na votação nacional e na política argentina em geral.

A eleição de outubro é vista como crucial para ampliar ou limitar o poder de Javier Milei, que não conta com maioria legislativa. Recentemente, ele não conseguiu a aprovação pelo Senado da lei da Ficha Limpa, que impediria condenados em segunda instância, como Kirchner, de concorrer a cargos públicos. No primeiro ano do seu mandato, ele também teve dificuldades até conseguir a aprovação de um megaprojeto de lei para desregular a economia.

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Cristina Kirchner competirá pela terceira seção eleitoral da província de Buenos Aires, onde estão os municípios de La Matanza e Lomas de Zamora, entre outros governados por peronistas.

Nas redes sociais, Milei repostou comentários ironizando a opção da ex-presidente de não disputar um cargo nacional e insinuando que seu partido, A Liberdade Avança, enterrará o kirchnerismo no pleito.

A eleição como deputada estadual, no entanto, garantiria imunidade parlamentar à ex-presidente, que aguarda decisão da Suprema Corte de Justiça da Argentina sobre a sentença contra ela de 6 anos de prisão por suposto envolvimento em corrupção em obras públicas.

A ex-presidente sempre negou envolvimento nos casos de corrupção dos quais é acusada, e entrou com recurso contra a pena, que também a impediria de voltar ocupar cargos públicos. Ela afirma ser vítima de "lawfare", que é o uso da Justiça para perseguição política.

Na entrevista ao canal C5N, que foi uma das poucas concedidas nos últimos anos pela ex-presidente, Kirchner afirmou haver uma perseguição de juízes aos opositores no país e cumplicidade dos magistrados com o projeto econômico governista.

Ela chegou a mencionar a eleição realizada neste domingo (1) no México, para definir quem serão os juízes do país, inclusive da Suprema Corte, por meio do voto popular, e afirmou que o poder Judiciário da Argentina também precisa de uma reforma.

Kirchner ainda fez duras críticas ao governo de Milei, que afirmou ser dependente de empréstimos internacionais e de ser sustentado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que recentemente aprovou um novo empréstimo de 20 bilhões de dólares para a Argentina.

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