A estratégia foi pensada para que o governo possa distinguir a "fatia" dos R$ 6,3 bilhões que de fato não foi autorizada pelos beneficiários - e, com isso, ter mais clareza sobre o volume de recursos necessários para o reembolso.

A ideia é cobrar das próprias associações o ressarcimento aos aposentados.

Fontes próximas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, entendem que esse pode ser um longo processo, com potencial impacto negativo para a imagem do governo.

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Isso porque cada contestação no aplicativo deve gerar um processo de responsabilidade civil individualizado - e o próprio INSS calcula que sejam mais de 4 milhões de pessoas prejudicadas pelas fraudes.

No processo, a associação será intimada a comprovar o aval do beneficiário. A falta desse documento - que a entidade é obrigada por lei a guardar - levará à conclusão de que o desconto não foi autorizado, e o reembolso será cobrado.

Embora haja a expectativa de que uma força-tarefa seja montada para agilizar a análise desses processos, há uma leitura política de que é preciso se antecipar a uma eventual demora, sob pena de fragilizar Lula às vésperas do ano eleitoral.

Com dados mais precisos sobre o valor a ser devolvido aos aposentados, o plano do governo é abrir espaço no orçamento para ressarci-los em um prazo mais curto e, depois, entrar com ações judiciais para que a própria União seja reembolsada.

A origem dos recursos para o ressarcimento vem gerando embates internos entre o Ministério da Fazenda e o da Previdência Social. Para a equipe econômica, sob a perspectiva das regras fiscais, o uso de verba pública deve ser a última alternativa.

Essa ala do governo entende que a restituição deve se dar com o dinheiro obtido a partir da apreensão de bens dos investigados e, enquanto isso não acontecer, com recursos do Ministério da Previdência e do INSS, sem abertura de crédito extraordinário.

Já técnicos da pasta da Previdência afirmam que a verba disponível neste momento não seria suficiente para dar conta do recado, e que, sem crédito extraordinário, seria preciso um trabalho de suplementação do orçamento da pasta.

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