A medida afeta três áreas principais: seguros (sobretudo na pensão privada VGBL), crédito corporativo e operações cambiais.
A XP aponta que o encarecimento do crédito ocasionado pela mudança reduz a necessidade de o Banco Central (BC) seguir elevando os juros para controlar a inflação. Desse modo, os analistas da casa esperam que a Selic fique estável na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
"No entanto, o aumento do IOF não terá o mesmo impacto que o aumento da taxa básica de juros sobre as expectativas de inflação, o consumo intertemporal e a taxa de câmbio", ressalta o relatório da XP publicado no domingo (25).
"Ainda assim, parece seguro afirmar que um IOF mais alto pode substituir, no cenário base da nossa equipe macroeconômica, o aumento final de 25 pontos-base previsto para junho, encerrando o atual ciclo de alta", pontua.
Em entrevista ao CNN Money, o estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira, reforça que esse aumento no custo do crédito deve levar as empresas a terem de recalcular a rota para emissão de dívidas.
"Empresas que tenham mais alavancagem, empresas mais endividadas, empresas de setores mais dependentes de capital de giro e que tenham negócios mais intensivos em capital tendem a sofrer mais com esse aumento do custo do crédito por conta da alta do IOF", indica Ferreira.
Ainda assim, a expectativa é por um impacto modesto nas empresas. Segundo o relatório, a maioria dos analistas vê um impacto limitado em ganhos, mesmo para as empresas com maior exposição a capital, devido a, principalmente, linhas de financiamento alternativas (como instrumentos isentos de IOF) que podem compensar, ao menos parcialmente, os custos mais elevados.
Nos setores de Alimentos e Bebidas e no Agronegócio, a XP vê um impacto limitado exatamente pelo fato das dívidas destes setores consistir em linhas de crédito ou emissões no mercado de capitais isentas do IOF.
Já os setores de Educação e Saúde não devem ver mudanças devido sua exposição majoritariamente composta por debêntures e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), que não foram afetados pela medida.
Os setores de Bens de Capital, Imobiliário, Telecomunicações, e Celulose e Papel devem ver impactos mínimos segundo o relatório.
Por outro lado, o setor Financeiro é visto dividido. Os principais impactos destacados são o potencial ree do encarecimento do crédito aos clientes, a diminuição do uso de cartões internacionais e um menor fluxo de contribuições em pensão privada devido ao aumento do imposto.
No caso do crédito para as empresas, porém, a XP vê um ponto que atenua o potencial impacto negativo dessas medidas.
"As emissões de dívida para empresas podem ser feitas por meio de diversos tipos de instrumentos, alguns dos quais isentos de IOF (por exemplo, Notas Comerciais e
Debêntures). Assim, vemos alguma capacidade para as instituições financeiras utilizarem outros instrumentos para mitigar os impactos do aumento de impostos."
Na área de mercado de capitais, os analistas veem até um potencial "ligeiramente positivo" devido a uma possível migração de crédito para o setor pela isenção do IOF sobre debêntures.
Para os setores de Metais e Mineração e Óleo, Gás e Petroquímicos a XP observa um risco levemente maior de encarecimento com exposição a operações de risco sacado.
No Varejo também são indicados riscos como o ree de preços por parte dos distribuidores e maiores custos de dívida. Mas a XP aponta alternativas para o setor conseguir isenções de IOF e manter o custo da operação.
Acompanhe Economia nas Redes Sociais