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BC: Cenário internacional é o que mais preocupa instituições financeiras

Pesquisa e Estabilidade Financeira (PEF) da autoridade monetária aponta que, pela primeira vez, cenário internacional preocupa mais que política fiscal interna

Cristiane Norberto, da CNN, em Brasília
Sede do Banco Central, em Brasília  • 17/12/2024 - Adriano Machado/Reuters
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A percepção de risco no sistema financeiro brasileiro ou a ser dominada pelo cenário internacional, superando, pela primeira vez desde 2023, as preocupações com a política fiscal.

A mudança foi apontada pelas instituições financeiras que participaram da Pesquisa de Estabilidade Financeira (PEF) do Banco Central, referente ao segundo trimestre de 2025, divulgada pela autoridade monetária nesta quinta-feira (5).

Segundo o levantamento, “os riscos do cenário internacional aram a ser os mais importantes, em função da guerra tarifária” promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desde os primeiros dias do ano, quando assumiu o mandato.

O tema foi citado como o risco mais relevante por 39% das instituições financeiras (IFs) entrevistadas, contra 30% que indicaram os riscos fiscais. Na pesquisa anterior, de fevereiro, os percentuais eram 16% para o cenário externo e 52% para o fiscal.

A frequência média de menções ao risco internacional subiu de 0,86 para 0,88 por instituição, consolidando uma tendência de alta desde o fim de 2023.

Já os riscos fiscais registraram leve queda nessa métrica, de 0,74 para 0,69. Apesar disso, o Banco Central enfatiza que “os riscos fiscais seguem sendo relevantes, com preocupações com a sustentabilidade da dívida pública e a evolução da política fiscal”.

A percepção de impacto e probabilidade dos riscos internacionais também aumentou: 100% das instituições classificaram o impacto como “alto” e a probabilidade como “médio-alta”, reforçando o peso dessas incertezas no horizonte de três anos.

Cenário econômico mais pessimista

A leitura sobre o ciclo econômico piorou em relação à pesquisa anterior. A maioria das instituições migrou sua avaliação de “recuperação” e “boom” para “contração”. Segundo o Banco Central, “cresce a percepção da tendência de alta na alavancagem das famílias”, embora a maioria ainda veja a situação como estável.

Esse movimento, segundo o BC, indica maior cautela quanto à atividade econômica nos próximos trimestres, especialmente diante do aperto das condições financeiras globais e das incertezas internas relacionadas à condução da política fiscal.

Além disso, cresceu a percepção de que há uma tendência de alta na alavancagem das famílias, o que pode indicar um esgotamento da capacidade de consumo por meio de crédito, especialmente se combinado a um cenário de inflação resiliente e juros elevados.

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