A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, considerou, em entrevista à CNN, que apesar de ficar ligeiramente abaixo das expectativas do mercado, que projetava um aumento de 1,5%, o resultado é considerado robusto e corrobora para a leitura de uma economia crescendo acima de seu potencial.
A economista alertou para os riscos inflacionários associados a este crescimento acelerado.
"Temos um crescimento forte da economia. Vemos crescendo acima da nossa capacidade, o consumo das famílias está alto, está acima da nossa capacidade de oferta e gera inflação. Essa inflação está acelerada, cerca de 5,5% ao ano e reflete esse crescimento maior do que damos conta", explicou a economista.
Vitória ressaltou que, embora o crescimento econômico e o aquecimento do mercado de trabalho sejam positivos, a sustentabilidade deste ritmo de expansão é questionável.
O aumento das importações, necessário para suprir a demanda excedente, pode levar a problemas nas contas externas se mantido no longo prazo.
A economista-chefe diz que, apesar do crescimento econômico, há uma aparente contradição entre o aquecimento da economia e as dificuldades do governo em conter gastos e promover ajustes fiscais.
"O Brasil está crescendo acima do potencial e o governo coloca mais lenha nessa fogueira. O resultado é a inflação de um lado e os juros mais altos de outro. E o governo tenta fechar esse buraco com mais impostos. Olhando para frente, não é sustentável", afirmou.
Vitória criticou a proposta de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), classificando-a como uma "péssima ideia".
Ela argumentou que buscar aumento de arrecadação por meio deste imposto é inadequado, especialmente considerando o atual cenário econômico e a já elevada carga tributária sobre o crédito.
Vitória concluiu enfatizando a necessidade de o governo focar em reformas pelo lado dos gastos, em vez de buscar aumentos de impostos, especialmente aqueles que distorcem a economia.
A resistência da sociedade e do Congresso a novos impostos pode ser um catalisador para que o governo busque soluções mais efetivas para o equilíbrio fiscal.
