Segundo Pinheiro, o setor de serviços deve ser o mais impactado pelo aumento do imposto. A economista ressalta que a medida afetará principalmente as pequenas e médias empresas, que representam cerca de 80% da economia brasileira.
O aumento do IOF sobre o risco sacado, uma modalidade de financiamento utilizada por empresas para antecipar recebíveis, deve encarecer o capital de giro dessas companhias. Pinheiro explica: "Isso funciona muito como capital de giro das pequenas e médias empresas. Todos os pequenos fornecedores, os médios fornecedores, eles se utilizavam e se utilizam dessa ferramenta do risco sacado".
A economista alerta que o encarecimento do crédito pode levar a uma pressão de preços em setores com margens mais apertadas, como serviços e comércio. No entanto, ela acredita que o impacto sobre a inflação será mínimo.
Pinheiro também abordou a questão da rigidez dos gastos públicos, que limita as opções do governo para equilibrar as contas. Segundo ela, mais de 90% dos gastos públicos são despesas obrigatórias, deixando pouca margem para cortes.
"A sociedade, o que é necessário, o que resolveria essa situação era se a gente sentasse como sociedade e discutisse a estrutura de gastos como um todo. Principalmente esses 92% que são obrigatórios por lei", afirmou a economista.
Apesar das preocupações, Pinheiro não acredita que o aumento do IOF por si só levará a uma desaceleração significativa da atividade econômica. Ela aponta que outros fatores, como o aperto da política monetária, terão um impacto maior na desaceleração da economia ao longo do ano.