Em inglês, o gênero neutro "they" já é usado há alguns anos por pessoas que não se identificam como homem ou mulher. Muitas figuras públicas - incluindo a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, tem usado o gênero neutro em perfis no Twitter, s de e-mail ou currículos para mostrar solidariedade com pessoas não binárias.

A decisão do Le Robert gerou um acalorado debate na imprensa sa e nas redes sociais, com vários políticos contestando o termo. O país tem a gramática como parte fundamental da sua cultura.

O governo francês é totalmente contra a ideia, e o Ministério da Educação tem resistido às tentativas anteriores de incorporar a linguagem inclusiva ao currículo escolar.

"A escrita inclusiva não é o futuro da língua sa," tuitou o ministro da Educação Jean-Michel Blanquer na terça-feira (16).

Blanquer acrescentou que apoiava o protesto do membro da Assembleia Nacional François Jolivet, do Em Marcha!, partido do presidente Macrón, contra a ação do Le Robert.

Jolivet escreveu à Académie Française, organização considerada guardiã da língua sa, dizendo que o pronome “iel” e suas derivações “ielle, iels e ielles" eram uma afronta os valores ses.

Para Blanquer, "a campanha solitária” do dicionário “é uma intrusão ideológica manifesta que mina nossa linguagem comum... esse tipo de iniciativa mancha nossa linguagem e divide os usuários em vez de uni-los", escreveu.

O diretor do Le Robert, Charles Bimbenet, disse que os dicionários incluem muitas palavras que refletem ideias ou tendências, sem que eles próprios aprovem ou reprovem essas ideias e que, como a palavra "iel" é cada vez mais usada, é útil incluir uma descrição.

“A missão do Le Robert é observar e relatar a evolução de uma língua sa diversa à medida que ela evolui. Definir as palavras que falam do mundo é ajudar a entendê-lo melhor”, escreveu Bimbenet.

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