Além disso, Putin também exige que países ocidentais suspendam parte das sanções impostas à Rússia, ainda segundo as mesmas fontes.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou diversas vezes que deseja encerrar o conflito e demonstrou crescente frustração com Putin nos últimos dias.

Na terça-feira (27), ele disse que o líder russo está "brincando com fogo" ao se recusar a iniciar negociações de cessar-fogo com a Ucrânia, enquanto seu Exército obtém avanços no campo de batalha.

Após conversar com Trump por mais de duas horas na semana ada, Putin destacou que havia concordado em trabalhar com a Ucrânia em um memorando que estabeleceria os contornos de um acordo de paz, incluindo o momento do cessar-fogo.

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A Rússia afirma que está redigindo sua versão do memorando, mas que não pode estimar quanto tempo isso levará.

A Ucrânia e diversos governos europeus acusaram Moscou de protelar o avanço de suas tropas no leste da Ucrânia.

"Putin está pronto para fazer a paz, mas não a qualquer preço", pontuou uma fonte russa de alto escalão com conhecimento do pensamento do Kremlin (governo russo), que falou sob condição de anonimato.

As três fontes russas comentaram que Putin quer um compromisso "por escrito" das principais potências ocidentais de não expandir a Otan, a aliança militar ocidental liderada pelos EUA, para o leste – o que significa a exclusão formal de Ucrânia, Geórgia, Moldávia e outras ex-repúblicas soviéticas.

A Rússia também quer a neutralidade da Ucrânia, o levantamento de algumas sanções ocidentais, uma solução para o congelamento de ativos soberanos russos no Ocidente e a proteção para pessoas que falam russo na Ucrânia, disseram as três fontes.

A primeira fonte ouvida pela Reuters observou que, se Putin perceber que não consegue chegar a um acordo de paz em seus próprios termos, ele buscará mostrar aos ucranianos e europeus, por meio de vitórias militares, que "a paz amanhã será ainda mais dolorosa" -- ou seja, a demora em conseguir um acordo fará com que as consequências do conflito sejam ainda piores.

Putin e outras autoridades russas têm afirmado repetidamente que qualquer acordo de paz deve abordar as "causas profundas" do conflito – a maneira russa de se referir à questão da expansão da Otan e o apoio ocidental à Ucrânia.

O governo de Volodymyr Zelensky advertiu em várias oportunidades que a Rússia não deveria ter poder de "veto" sobre seu objetivo de integrar a Otan. A Ucrânia afirma que precisa que o Ocidente lhe dê uma forte garantia de segurança, capaz de dissuadir qualquer futuro ataque russo.

A Otan, por sua vez, também disse no ado que não mudará sua política de "portas abertas" apenas porque Moscou exige.

Os governos de Rússia e Ucrânia, além de um porta-voz da Otan, não responderam a pedidos de comentário da reportagem.

Avanço da Rússia na Ucrânia

Vladimir Putin ordenou o envio de dezenas de milhares de soldados para a Ucrânia em fevereiro de 2022, após oito anos de combates no leste da Ucrânia entre separatistas apoiados pela Rússia e tropas ucranianas.

A Rússia atualmente controla pouco menos de um quinto do país. Embora os avanços tenham acelerado em 2024, a guerra está custando caro aos dois países em termos de baixas e gastos militares.

A Reuters noticiou em janeiro que Putin estava cada vez mais preocupado com as distorções econômicas na economia russa em tempos de guerra, em meio à escassez de mão de obra e às altas taxas de juros impostas para conter a inflação.

O preço do petróleo, base da economia russa, caiu constantemente este ano.

Já Donald Trump, que se orgulha de ter relações amigáveis ​​com Putin e expressou acreditar que o líder russo deseja a paz, alertou que os Estados Unidos podem impor novas sanções se Moscou não se envolver nos esforços para um acordo de paz.

Trump afirmou nas redes sociais no domingo (25) que Putin havia "enlouquecido completamente" ao lançar um ataque aéreo massivo contra a Ucrânia na semana ada.

A primeira fonte consultada pela Reuters ponderou que, se Putin visse uma oportunidade tática no campo de batalha, ele avançaria ainda mais na Ucrânia – e que o Kremlin acreditava que o país pode lutar por anos, independentemente das sanções e dos problemas econômicos impostos pelo Ocidente.

Uma segunda fonte afirmou que Putin está menos inclinado a ceder em termos de território e mantém sua posição pública de querer que a totalidade das quatro regiões do leste da Ucrânia sejam da Rússia.

"Putin endureceu sua posição", destacou a segunda fonte sobre a questão do território.

 

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