A proposta, vista pela CNN, inclui a libertação de 10 reféns israelenses e 18 reféns mortos pelo Hamas em troca de 125 prisioneiros palestinos, que cumprem penas perpétuas e 1.111 moradores de Gaza detidos desde o início da guerra.

As negociações para um cessar-fogo permanente começariam imediatamente no primeiro dia da trégua de 60 dias, segundo a proposta.

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Enquanto isso, o Hamas afirmou que a nova proposta vem de Israel e "não atende a nenhuma das demandas do nosso povo, a principal das quais é o fim da guerra e da fome", segundo Bassem Naim, membro do gabinete político do grupo militante radical.

"No entanto, a liderança do movimento está estudando, com toda a responsabilidade nacional, uma resposta à proposta, à luz do genocídio ao qual nosso povo está sendo submetido", acrescentou Naim no Facebook.

Segundo o Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, falou às famílias dos reféns que havia aceitado a proposta dos EUA.

Durante o briefing na quinta-feira (29), a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, confirmou que "o enviado especial Witkoff e o presidente Trump apresentaram uma proposta de cessar-fogo ao Hamas, com o apoio de Israel", e que as conversas estão em andamento.

“Esperamos que uma trégua em Gaza ocorra para que possamos devolver todos os reféns para casa, e essa tem sido uma prioridade para este governo desde o início”, acrescentou Leavitt.

Termos da proposta de cessar-fogo

Segundo a proposta, metade dos reféns e dos prisioneiros serão libertados no primeiro dia do acordo de cessar-fogo de 60 dias, enquanto a outra metade será libertada no sétimo dia.

Se Israel e o Hamas não chegarem a uma decisão para uma trégua permanente até o final do período de 60 dias, a pausa nos combates “poderá ser prorrogada sob condições e por um período a ser determinado pelas partes, desde que negociem de boa-fé”, segundo o plano.

Mas o documento não contém nenhuma garantia de um fim permanente para a guerra, uma exigência fundamental do Hamas, nem garantias de que a trégua será prorrogada enquanto as negociações continuarem.

Em vez disso, a proposta afirma que o presidente dos EUA, Donald Trump, está “comprometido em trabalhar para garantir que as discussões de boa-fé continuem até que um acordo final seja alcançado”.

A ajuda humanitária, que só começou a chegar a Gaza após um bloqueio israelense de 11 semanas à distribuição de alimentos, medicamentos e outros itens, entraria no território "imediatamente" no início da pausa do conflito.

O auxílio será distribuído "por meio de canais que foram negociados e aceitos previamente", incluindo as Nações Unidas e o Crescente Vermelho.

O plano afirma que a ajuda começará a fluir "assim que o Hamas concordar com o acordo de cessar-fogo", uma indicação de que o plano foi coordenado com os israelenses.

Na quinta-feira (29), a pora-voz da Casa Branca falou que "Israel aprovou a proposta antes de ser enviada ao Hamas".

Os EUA, o Egito e o Catar garantiriam o acordo, segundo o documento.

A declaração parece estipular que Trump assumiria o crédito pelo acordo. "O presidente Trump anunciará pessoalmente o acordo de cessar-fogo", diz o texto.

Contraproposta do Hamas

O Hamas respondeu à última proposta do enviado americano com três contrapontos, segundo um alto funcionário do Hamas.

O funcionário disse à CNN que o grupo rebelde concordaria com a libertação dos reféns e uma pausa de 60 dias, conforme descrito na proposta americana, mas quer garantias dos EUA de que as negociações sobre uma trégua permanente continuarão e que os combates não serão retomados após os 60 dias.

O Hamas quer que a assistência humanitária seja realizada por meio dos canais das Nações Unidas.

Por fim, eles querem que as Forças de Defesa de Israel (IDF) recuem para as posições que ocupavam em 2 de março deste ano, antes de Israel reiniciar as operações militares.

Outra pessoa familiarizada com a contraproposta do Hamas confirmou os três pontos.

Andamento da proposta

O alto funcionário do Hamas disse à CNN que eles responderam à proposta do enviado americano por meio de interlocutor palestino-americano Bishara Bahbah, que tem mantido discussões diretas com negociadores do grupo em Doha.

O empregado falou que, há dois dias, eles discutiram os termos do Hamas com Bahbah, que foram enviados a Witkoff. Então, após o enviado especial se encontrar com o oficial israelense Ron Dermer em Washington esta semana, "tudo mudou 100%".

Steve Witkoff, enviado de Trump • REUTERS/Carlos Barria
Steve Witkoff, enviado de Trump • REUTERS/Carlos Barria

"Ficamos chocados porque Bishara [Bahbah] nos disse duas ou três vezes que  aprovou o arcabouço e não teve problemas", afirmou o alto funcionário, chamando a proposta mais recente de do enviado dos EUA de "documento israelense".

"Estamos prontos para devolver todos os reféns em um dia, só queremos uma garantia de que a guerra não voltará depois disso", afirmou o contratado. "Agora, neste documento, não encontramos nada", acrescentou. "Eles querem continuar a guerra, nós queremos acabar com isso".

Naim, membro do gabinete político do Hamas, escreveu no Facebook que uma proposta havia sido acertada com Steve Witkoff na semana ada e que a estrutura mais recente vem de Israel e "significa perpetuar a ocupação e continuar a matança e a fome".

Após esta última resolução, o Hamas está pronto para libertar metade dos 20 reféns vivos restantes, o que a primeira autoridade do Hamas chamou de "grande risco", pois não há garantia de que Israel respeitará o acordo.

"Sabemos que Witkoff é um homem forte, ele pode fazer algo. Ele é o único que pode impactar Israel", falou a autoridade.

O funcionário também afirmou que o governo Trump renegou os termos após a libertação do israelense-americano Edan Alexander, incluindo um agradecimento ao Hamas do presidente americano e a ajuda humanitária que não retornou imediatamente para Gaza.

"O Hamas está muito, muito interessado em chegar a um acordo para encerrar a guerra e devolver os reféns", disse a autoridade.

Reações sobre a proposta

Mais cedo na quinta-feira (29), o ministro das Finanças israelense, da ultradireita, Bezalal Smotrich, falou que aceitar a proposta seria "pura loucura", escrevendo nas redes sociais que "não permitirá que tal coisa aconteça. Ponto final".

Mas o líder da oposição israelense, Yair Lapid, instou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu a aceitar a "publicamente e imediatamente". Ele disse que apoiaria o governo, mesmo que os membros de ultradireita a abandonassem.

Na sexta-feira (30), o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, afirmou que a organização espera que o processo de negociação seja bem-sucedido.

"Esperamos muito que o trabalho dos mediadores seja bem-sucedido, para que possamos pôr fim a este ciclo de sofrimento, ciclo de violência que todos estamos testemunhando. Tomara que possamos colocar israelenses e palestinos de volta em um caminho positivo no processo de paz", falou Dujarric.

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