Antes das eleições de 1º de junho, organizações civis, associações de juízes e alguns legisladores mexicanos estão expressando sérias preocupações sobre uma votação que, segundo alguns críticos, pode comprometer o Estado de Direito do país.
A polêmica reforma judicial foi proposta pelo ex-presidente Andrés Manuel López Obrador e apoiada por sua sucessora, a presidente Claudia Sheinbaum.
Ambos afirmaram que a reforma eliminaria a corrupção no falho judiciário mexicano e permitiria que o povo decidisse quem deveria ser juiz.
Cerca de cinco mil candidatos disputam mais de 840 cargos federais, incluindo todos os juízes da Suprema Corte.
Mas, a pouco mais de uma semana da votação, o grupo mexicano de direitos humanos Defensorxs afirma ter identificado cerca de 20 pessoas concorrendo a cargos com indiscrições criminais, alegações de corrupção ou ligações anteriores com cartéis.
Delgado talvez seja a candidata que mais ganhou as manchetes.
Ela visitava El Chapo semanalmente na prisão para compartilhar atualizações antes de ele ser extraditado para os Estados Unidos e, eventualmente, condenado à prisão perpétua.
Em uma tarde recente na cidade fronteiriça de Ciudad Juárez, Delgado enfrentou o calor para distribuir panfletos e conversar com eleitores em frente a uma escola local.
Mãe solteira, que criou quatro filhos e se formou em Direito, Delgado é sincera sobre o motivo pelo qual aceitou o cargo, afirmando que foi um grande o como jovem advogada; e que daria novamente.
Críticos afirmam que a reforma, uma das mais abrangentes já tentadas nos últimos anos por qualquer país do Hemisfério Ocidental, arrisca remover os freios e contrapesos do partido governista Morena e permitir que grupos do crime organizado tenham maior influência sobre o sistema judiciário.
Os candidatos não podem usar materiais de campanha que os vinculem a um partido político, participar de eventos organizados por partidos ou aceitar doações de qualquer tipo.
O líder do Senado, Gerardo Fernández Norona, membro poderoso do partido governista, disse à Reuters que o foco na elegibilidade de certos candidatos era uma guerra midiática “racista e classista” com o objetivo de desacreditar as eleições.
A autoridade do Instituto Nacional Eleitoral (INE) deixou claro que nomes não podem ser removidos antes da votação.
Claudia Zavala, assessora eleitoral do INE, afirmou que o órgão deveria ter sido incluído anteriormente no processo de seleção, conduzido por membros da comissão selecionados pelo Congresso, pelo Judiciário e pelo Executivo.
Agora, tudo o que o INE pode fazer é uma revisão pós-eleitoral de quaisquer reclamações formais sobre candidatos, a fim de provar que uma pessoa é inelegível para ocupar o cargo, explicou Zavala.
Se um vencedor não atender aos requisitos, a vaga será atribuída ao segundo colocado.