Quando vi o rosto da minha filha se iluminar enquanto ela percorria as galerias, irando as exposições florais inspiradas em arte, todo aquele estresse desapareceu.

Ao sairmos do museu, conversamos sobre o lado positivo das multidões — as pessoas estavam se esforçando para apreciar arte bonita em meio a um mundo dilacerado por guerras, divisões políticas e preocupações muito reais. Elas também estavam reservando tempo para o encantamento.

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ei os últimos quatro anos pesquisando como a emoção do encantamento pode apoiar nossas crianças enquanto escrevia meu primeiro livro para adultos, "Raising Awe-Seekers: How the Science of Wonder Helps Our Kids Thrive" ("Criando Buscadores do Encantamento: Como a Ciência do Maravilhamento Ajuda Nossos Filhos a Prosperar", em tradução literal).

A escritora Deborah Farmer Kris é especialista em desenvolvimento infantil • Divulgação/Mariel Wood
A escritora Deborah Farmer Kris é especialista em desenvolvimento infantil • Divulgação/Mariel Wood

O encantamento que minha filha e eu experimentamos é um superalimento emocional. O maravilhamento apoia nosso bem-estar mental, físico e emocional, de acordo com pesquisas do Greater Good Science Center, da Universidade da Califórnia em Berkeley, um centro de pesquisa focado em psicologia, sociologia e neurociência do bem-estar.

O encantamento nos leva a ser mais gentis e humildes. Ele silencia o ruído mental, aumenta a curiosidade e nos ajuda a nos sentir conectados com outras pessoas. Descobriu-se até que ele reduz biomarcadores de estresse e inflamação.

"Não subestime o poder dos arrepios", como gosta de dizer o pesquisador do encantamento Dacher Keltner, professor de psicologia da Universidade da Califórnia em Berkeley.

É fácil falar sobre crianças pequenas e maravilhamento — como os olhos de uma criança de 3 anos se arregalam quando encontram um ninho de arinho. Mas estou ainda mais interessada em como essa emoção pode apoiar os adolescentes de hoje.

Sabemos que muitos adolescentes estão estressados, sobrecarregados, solitários e saturados de telas. Mas eles também estão em uma idade em que o seu rápido desenvolvimento cerebral e sensibilidade emocional aumentada os preparam para sentir encantamento.

Aqui estão três maneiras de ajudar os seus adolescentes a arem essa emoção protetora, e elas podem também despertar o seu próprio senso de maravilhamento.

1. Observe o que faz os olhos do seu filho brilharem

Os adolescentes mais jovens estão no auge da formação de identidade. As atividades que trazem alegria na quinta série podem ser todas abandonadas até a oitava série. Ao longo de dois anos, minha filha mais velha abandonou o escotismo, a equitação e o piano. Depois de algumas experiências, ela encontrou seu caminho no teatro comunitário, na arte e em um clube local de atletismo.

Eu a havia inscrito no escotismo e no piano anos antes, mas a adolescência é o momento para eles descobrirem quais papéis se encaixam melhor. Mesmo sendo normal e necessário, esse período de mudança rápida pode ser confuso tanto para pais quanto para adolescentes. Eu costumava dar aulas para os anos finais do ensino fundamental e frequentemente ouvia pais lamentarem: "Mal reconheço meu filho".

É importante que pais identifiquem interesse dos filhos por arte, música ou esportes • Unsplash/Gabriel Tovar
É importante que pais identifiquem interesse dos filhos por arte, música ou esportes • Unsplash/Gabriel Tovar

Que tal substituirmos esse lamento por uma "curiosidade radical"? O psiquiatra Robert Waldinger, da Universidade de Harvard, me apresentou a essa expressão como uma prática de parentalidade consciente. Olhe para o seu filho e pergunte a si mesmo: "Qual é aquela coisa sobre esse filho que eu não havia notado antes?" Pode ser qualquer coisa, ele me disse — até mesmo a nova maneira como estão penteando o cabelo. A curiosidade radical também nos ajuda a sintonizar com o que traz encantamento para eles, especialmente quando isso parece mudar todo mês.

O que os anima neste mês? Quando notamos a sua curiosidade, podemos nutri-la. Uma fascinação pelos livros e filmes de "O Senhor dos Anéis" os leva a experimentar um clube de RPG. Se seu rosto se ilumina ao trabalhar com crianças pequenas ou animais, talvez haja uma oportunidade de voluntariado que você possa ajudá-los a encontrar.

Observe o que faz os seus adolescentes dizerem "uau" — o que dá arrepios neles ou expande as suas mentes de maneiras bonitas. É assim que se aprende mais sobre quem eles são agora e quem podem se tornar. Quando prestamos atenção às fontes de encantamento de nossos filhos, validamos suas experiências e os convidamos a continuar explorando.

2. Crie uma sincronia com o que causa iração

A melhor parte do deslumbramento é como ele é comum e ível. Não requer equipamentos caros ou férias familiares luxuosas. Na verdade, Keltner descreve o deslumbramento como uma "emoção cotidiana" que podemos ar durante uma caminhada matinal ou enquanto torcemos pelo time da casa.

Nos últimos 20 anos, pesquisadores examinaram que tipos de experiências provocam o deslumbramento. Pessoas ao redor do mundo relataram sentir essa emoção ao explorar a natureza, apreciar arte e música, e contemplar grandes ideias. Talvez surpreendentemente, a fonte mais comum de iração cotidiana veio da observação de outras pessoas sendo gentis e corajosas. Somos inspirados pela bondade humana.

Outra fonte de deslumbramento que particularmente ressoa com adolescentes é a efervescência coletiva. É aquela sensação que vem de trabalhar com outros em direção a um objetivo comum — a eletricidade que você sente ao torcer com uma multidão, ar a bola para seus companheiros de time durante um jogo importante ou cantar com um coral. Para nossos filhos, é a sensação de pertencer a algo maior que eles mesmos.

Muitas pessoas relatam sentimentos positivos de emoção ao explorar a natureza • Unsplash/Alina Fedorchenko
Muitas pessoas relatam sentimentos positivos de emoção ao explorar a natureza • Unsplash/Alina Fedorchenko

Conhecer essas fontes de deslumbramento é uma estrutura mental útil para pais e adolescentes, e pode nos ajudar a buscar experiências significativas. Onde podemos ver arte em nossa comunidade? Que música atualmente traz alegria aos meus filhos — e posso colocá-la para tocar no carro quando for buscá-los? Como podemos nos conectar mais com nossa comunidade local? Que clube ou esporte pode valer a pena tentar? Que vizinho precisa de nossa ajuda? Quais são alguns momentos de "boas notícias" que podemos compartilhar uns com os outros? Como podemos todos sair ao ar livre neste fim de semana, mesmo que por alguns minutos?

3. Procure por "algo bonito todos os dias"

Adolescentes são antropólogos astutos do comportamento humano. Se queremos que eles sintam mais dessa incrível emoção humana, devemos nos tornar buscadores e compartilhadores de deslumbramento. Não quero dizer que precisamos abordar isso de maneira artificial – nenhum adolescente quer ouvir o "minuto de boas notícias" diário da mãe. Em vez disso, procure maneiras autênticas de compartilhar aqueles pequenos momentos de iração que você encontra por acaso.

Desde que mergulhei na pesquisa sobre deslumbramento, comecei a seguir mais fotógrafos da natureza e artistas nas redes sociais. Quanto mais escolho seguir esses tipos de contas, mais os algoritmos dos aplicativos trabalham a meu favor. Dicas de maquiagem foram substituídas por pássaros ridiculamente bonitos. Inspirada por essas fotos, comecei uma prática que chamo de "algo bonito todo dia". Procuro uma coisa bonita — uma flor durante minha caminhada, uma música ou história, uma foto ou citação — e envio para uma querida amiga que mora a 3.200 quilômetros de distância. Compartilhar amplificou meus sentimentos de iração e me ajudou a me sentir conectada através das distâncias.

Depois de alguns meses dessa prática, pensei: "Por que não enviar isso para minha adolescente também?"

Agora, frequentemente envio para minha filha minha foto diária, citação, história, música ou vídeo que causa arrepios. E adivinhe? Ela começou a me enviar mais arte, fotos e vídeos adoráveis de patos e outros bichinhos. É um belo contraponto a outras manchetes e imagens que cruzam minha tela, um lembrete da beleza cotidiana que podemos encontrar neste mundo confuso.

Compartilhar belas fotos da natureza pode ser uma forma diferente de se conectar com quem você gosta • Unsplash/Engin Akyurt
Compartilhar belas fotos da natureza pode ser uma forma diferente de se conectar com quem você gosta • Unsplash/Engin Akyurt

Subestimei o quão valioso esse meio de comunicação seria para nosso relacionamento mãe-filha — essas janelas diárias para o que cada um de nós considera maravilhoso. O tempo de tela é um dilema interminável para os pais. Como me disse o psicólogo Craig Anderson, professor de negócios da HEC Paris, a maioria dos aplicativos que usamos não foi projetada para nos fazer sentir deslumbramento. Nem priorizam nosso bem-estar, acrescentou ele.

Em vez disso, "eles são projetados para nos manter na frente do aplicativo". Se você quer sentir os benefícios de "notar coisas como as flores desabrochando ou a luz filtrando através das folhas das árvores", disse Anderson, "sua atenção não pode estar presa a um telefone".

Ao que eu acrescento: se pudermos usar propositalmente um pouco do nosso tempo de tela como uma ferramenta para compartilhar beleza com nossos adolescentes — e outras pessoas que amamos — talvez possamos mudar nosso algoritmo interno e direcioná-lo para o deslumbramento.

* Deborah Farmer Kris é especialista em desenvolvimento infantil e autora de "Raising Awe-Seekers: How the Science of Wonder Helps Our Kids Thrive" ("Criando Buscadores do Encantamento: Como a Ciência do Maravilhamento Ajuda Nossos Filhos a Prosperar"). Ela também está em Parenthood365.

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