Agora está claro é que não era a última opção. Em 2 de junho, Anderson foi nomeado o novo diretor criativo da Dior, supervisionando moda feminina, moda masculina e alta-costura.

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Em uma declaração por e-mail, Anderson descreveu a nomeação como "uma grande honra". Ele disse: "Sempre fui inspirado pela rica história desta Maison, sua profundidade e empatia. Estou ansioso para trabalhar ao lado de seus lendários ateliês para criar o próximo capítulo desta história incrível."

O "filho-problema" da LVMH

O estilista norte-irlandês, de 40 anos, era cotado para o cargo mais alto da Dior, de propriedade da LVMH, desde que anunciou sua saída da marca menor do grupo, Loewe, em março de 2025 (onde foi diretor criativo por mais de uma década).

Um mês depois, o CEO da LVMH, Bernard Arnault, revelou durante uma reunião de acionistas que Anderson criaria a coleção masculina da Dior, a ser apresentada em junho.

A notícia de hoje acompanha a saída de Maria Grazia Chiuri, que deixou o cargo de diretora artística de moda feminina da Dior no final de maio após nove anos, e de Kim Jones, que deixou o cargo de diretor artístico da Dior Men após sete anos.

A nomeação de Anderson na Dior reúne as duas funções sob sua supervisão. O maior grupo de luxo do mundo, com um valor de mercado de cerca de US$ 270 bilhões, a LVMH detém 75 marcas que vão de redes de hotéis a maquiagem, além da Louis Vuitton — cujas vendas ultraaram € 22,8 bilhões em 2023 — e da Dior, que estão entre as duas maiores contribuintes para os lucros.

Embora a LVMH normalmente não divida os números de vendas e lucros de cada uma de suas marcas, analistas alertaram sobre os desafios que a Dior enfrenta — uma "criança problemática" é como a empresa de banco de investimento Morgan Stanley a descreveu, observando que o negócio poderia se beneficiar de mais inovação — e o setor de luxo em geral, que está lutando com um de seus crescimentos mais lentos em anos.

A chegada de Anderson à Dior pode trazer mudanças. "Tenho acompanhado sua carreira com grande interesse desde que ele se juntou ao grupo LVMH há mais de dez anos", disse Delphine Arnault, presidente e CEO da Christian Dior Couture, em um comunicado. "Estou convencida de que ele trará uma visão criativa e moderna para nossa Maison, inspirada na fabulosa história de Monsieur Dior e nos códigos que ele criou. Ele contará com o apoio de nossas equipes e de nossos incríveis ateliês, que darão vida à sua criatividade.”

Jonathan Anderson é um dos maiores talentos criativos de sua geração. Sua incomparável artística será um trunfo crucial para escrever o próximo capítulo da história da Maison Dior”, acrescentou Bernard Arnault, presidente e CEO da LVMH.

Quem é Jonathan Anderson?

Anderson faz parte de uma nova geração de designers de alto nível que estão assumindo algumas das maiores marcas de luxo do mundo em meio a uma ampla reformulação do setor.

Em maio, o grupo francês de luxo Kering nomeou o ex-designer da Valentino, Pierpaolo Piccioli, como diretor criativo da Balenciaga, sucedendo Demna, que assumirá o cargo de chefe de design na principal marca do grupo, a Gucci. Mudanças também ocorreram recentemente na Chanel, Versace, Bottega Veneta e Celine, de propriedade da LVMH, entre outras.

Anderson é creditado por impulsionar o perfil da Loewe durante sua gestão na marca espanhola, onde conquistou celebridades e especialistas em moda, com seus designs lúdicos e peculiares. Os sucessos de Anderson incluem uma bolsa Puzzle de ombro (uma versão pequena é vendida por US$ 3.850) e estilos surreais como uma clutch em formato de pombo ou tomate, e sapatos que substituem o salto por frascos de esmalte, rosas e ovos quebrados.

Na Loewe, Anderson também construiu um acervo cultural além da moda: ele atraiu uma mistura eclética de artistas do mundo todo para a competição anual de prêmios de artesanato da Loewe e reestilizou o ator de James Bond, Daniel Craig, e a falecida atriz britânica, Dame Maggie Smith, em suéteres e casacos luxuosos, respectivamente, para uma campanha badalada.

Em 2024, o designer fez novas incursões no cinema, desenhando os figurinos para os filmes de Luca Guadagnino, "Queer" e "Rivais".

Ao receber o título honorário de Doutor em Artes da Universidade de Artes Criativas do Reino Unido em julho ado, Anderson deu alguns conselhos para a turma de formandos de 2024: "Autenticidade é inestimável; originalidade é inexistente. Roube, adapte, tome emprestado. Não importa de onde se tira as coisas. O importante é para onde se leva.” (Ironicamente, o discurso parafraseou citações dos diretores de cinema Jim Jarmusch e Jean-Luc Godard, e foi uma adaptação da famosa frase de Pablo Picasso “bons artistas copiam, grandes artistas roubam”, que mais tarde foi retomada por Steve Jobs.)

“Descubra filmes antigos, filmes novos, livros de história, pinturas, fotografias, poemas, sonhos, seja lá o que for”, continuou Anderson. “Roube apenas coisas que falem diretamente com você. Se fizer isso, seu trabalho será autêntico.”

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