Imagens do momento do acidente mostram uma grande porção da encosta do local se desprendendo e atingindo pelo menos três lanchas na água.
Em entrevista à CNN, o geólogo e professor do Programa de Pós-graduação em Ciência Ambiental (PROCAM) da USP, Pedro Luiz Côrtes, comentou que o fenômeno visto é raro de ser presenciado, mas ocorre naturalmente.
"Temos uma encosta muito inclinada no cânion, com rochas sedimentares – como se fosse areia consolidada ao longo de milhões de anos. Esse tipo de material é muito suscetível às questões climáticas: chuva, sol, variação de temperatura", pontua.
Pedro Côrtes, geólogo da USP / Reprodução/CNN
"Aos poucos esse material vai se desagregando. O paredão está naturalmente fraturado. Isso permite a penetração de água [das chuvas], que faz com que essas fraturas sejam ampliadas. Então você cria uma dissociação das colunas de rocha. E com o tempo essas colunas se abatem", completou.
O professor explica que pelo fato de as pessoas não presenciarem frequentemente esse fenômeno, não se tem dimensão do perigo ao qual estão sujeitas.
"Lembra muito o que acontece nas bordas de geleiras", comenta Pedro Côrtes.
Veja imagens do local do acidente:
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Bombeiros realizam trabalho de buscas em lago de Capitólio (MG) onde um pedaço de rocha desabou sobre lanchas neste sábado (8), deixando dez mortos
• Bombeiros/MG
Trabalho dos Bombeiros em lago de Capitólio (MG); desabamento de rocha deixou ao menos três desaparecidos
• CBMMG
O desabamento de uma rocha em um cânion na cidade mineira de Capitólio deixou ao menos sete mortos e dezenas de feridos, segundo as autoridades
• CBMMG
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“Temos uma encosta muito inclinada no cânion, com rochas sedimentares – como se fosse areia consolidada ao longo de milhões de anos. Esse tipo de material é muito suscetível às questões climáticas: chuva, sol, variação de temperatura”, diz o geólogo e professor do PROCAM da USP, Pedro Luiz Côrtes
• CBMMG
Trabalho dos Bombeiros em lago de Capitólio (MG); especialistas recomendam que lanchas de turismo mantenham distância das rochas
• CBMMG
Imagens que circulam nas redes sociais revelam que os ocupantes das embarcações foram alertados pelas pessoas ao redor sobre o risco de desabamento da estrutura rochosa
• CBMMG
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Bombeiros e profissionais da Marinha participam das buscas por feridos e desaparecidos em Capitólio (MG)
• CBMMG
Vídeo mostra lanchas sendo atingidas por desabamento de pedras em Capitólio (MG) neste sábado
• Reprodução/Redes Sociais
Local onde Rocha se desprendeu do lado direito da cachoeira em Cânion na represa de Furnas, na cidade de Capitólio, interior de MG
• Joel Silva / Foto Arena / Estadão Conteúdo
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Local onde Rocha se desprendeu do lado direito da cachoeira em Cânion na represa de Furnas, na cidade de Capitólio, interior de MG
• Joel Silva / Foto Arena / Estadão Conteúdo
Equipamentos usados pelo Corpo de Bombeiros de Minas Gerais em buscas em Capitólio (MG)
• Cobom MG
Bombeiros de Minas Gerais usam barco em buscas em Capitólio (MG); total de mortes chegou a 10
• Cobom MG
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Força-tarefa localiza as dez vítimas de deslizamento de rocha em Capitólio, no lago de Furnas (MG)
• Cristiano Machado/Imprensa MG
Ele cita o Parque Nacional Los Glaciares, na região da Patagônia, na Argentina, onde as geleiras estão abertas à visitação de pessoas.
"As equipes de turismo não se aproximam da geleira justamente por esse tipo de problema. Você tem o abatimento de grandes blocos de gelo, que podem causar ferimentos graves ou levar a óbito as pessoas pelo impacto direto ou pela movimentação de água provocada", disse o professor.
"Sempre deve ser mantida uma distância segura", complementa.