As chuvas na bacia do rio Juruá registraram acumulados de 1.329 mm, valor é 48% acima da média de precipitação padrão para o período. Por conta dos altos volumes, as inundações atingiram 25 km² de área urbana e 1.150 km² de áreas de pastagem.
A pesquisa estimou que 61% da probabilidade de ocorrência de um evento extremo, como as cheias do Juruá, pode ser atribuída às atividades humanas. Ações como o desmatamento, a poluição e a urbanização contribuem para o aumento da emissão de gases do efeito estufa, que alteram o clima.
Inundações como essas estão cada vez mais frequentes. O estudo mostra que o tempo de espera para a recorrência de eventos dessa magnitude reduziu de 107 anos para 42 anos. De acordo com os pesquisadores, a junção desses dados é importante para a criação de planos de medida e adaptações em emergências climáticas.
As enchentes afetaram direta e indiretamente quase 200 mil pessoas na região e causaram o prejuízo foi de aproximadamente US$ 16,6 milhões foram estimados em perdas.
A análise foi feita com cientistas de instituições nacionais, como o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e de instituições internacionais como a Universidade de Viena (Áustria) e a Universidade de Oxford (Reino Unido).
“A expectativa é que no futuro possamos atribuir responsabilidades frente aos prejuízos socioeconômicos e ambientais causados pelas mudanças no clima, visando forçar um caminho de desenvolvimento sustentável”, afirmou Liana Anderson, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
O estudo intitulado “Atribuindo as cheias do rio Juruá em 2021 às mudanças climáticas: evidências, impactos e adaptação na Amazônia brasileira”, foi publicado em maio deste ano, no International Journal of Disaster Risk Reduction da Editora Elsevier.
“Trata-se de um esforço coletivo em busca de evidências científicas que possam subsidiar a tomada de decisões e a implementação de ações coordenadas diante de um cenário marcado pelo aumento da frequência de eventos extremos, como inundações, secas e ondas de calor no País”, afirma o hidrólogo da Sala de Situação do Cemaden, Alex Ovando.
*Sob supervisão