Segundo a investigação, o esquema era comandado por Phillip da Silva Gregório, conhecido como "Professor", apontado como uma das lideranças da facção criminosa, morto no último domingo (1). A operação identificou movimentações financeiras atípicas que somam quase R$ 50 milhões em menos de um ano, conforme relatado ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
"A gente conseguiu provar o recebimento de valores de pessoas vinculadas à cúpula do Comando Vermelho, que não são compatíveis com a produção de shows naquela comunidade", afirmou o titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF), delegado Jefferson Ferreira.
A produtora responsável pelo Baile da Escolinha, evento que atrai milhares de pessoas à Fazendinha, foi identificada como um dos canais de lavagem de dinheiro. Parte dos valores era enviada ao operador financeiro da facção, que recebia o dinheiro da produtora e o distribuía por meio de laranjas — pessoas usadas para esconder a origem do dinheiro.
Esses valores avam por um laranja em São Paulo antes de serem direcionados a regiões de fronteira, como Ponta Porã (MS), onde eram usados na compra de armas e drogas.
O nome de Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, egípcio que já integrou a lista de procurados do FBI, também aparece no inquérito. Segundo a polícia, ele é proprietário de três empresas em São Paulo — uma delas, do setor de eventos, estaria diretamente envolvida no esquema. Embora citado nas investigações, Ibrahim não foi alvo direto da operação. A CNN tenta contato com a defesa do empresário.
A investigação também identificou o envolvimento de Viviane Noronha, esposa do MC Poze do Rodo. De acordo com os investigadores, à medida que as apurações sobre o Professor iam avançando, foi possível identificar valores recebidos de um “laranja” para a conta da influenciadora.
“Por isso ela [Viviane] teve hoje a busca apreensão na residência dela, onde foram arrecadados os celulares e computadores para auxiliar a investigação, e o bloqueio tanto da conta de pessoa física como pessoa jurídica.” concluiu o delegado titular da DRF.
Em nota, a defesa negou envolvimento de Viviane com quaisquer atividades criminosas.
Nesta fase da operação, foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão e 38 contas bancárias foram bloqueadas, incluindo as de Viviane. Bens móveis e imóveis dos investigados também foram tornados indisponíveis.
A Polícia Civil destacou que foram coletadas “robustas evidência”, e a investigação avança para a conclusão do inquérito, e possível indiciamento dos envolvidos por lavagem de dinheiro e financiamento do tráfico de armas e drogas.