Após dez meses de prisão preventiva, a Justiça de São Paulo concedeu liberdade a Igor Ferreira Sauceda, motorista do Porsche que, após uma briga no trânsito, perseguiu e atropelou o motoboy Pedro Kaique Ventura Figueiredo, de 21 anos. O homem foi solto na última sexta-feira (30).
A colisão aconteceu no dia 29 de julho de 2024 e ganhou repercussão nacional. Câmeras de segurança flagraram o momento em que Igor atropelou o motociclista na Avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo.
Na madrugada do dia 29, o motociclista trafegava na via por volta de 1h. No meio do percurso ele e o motorista do Porsche teriam se desentendido, o que fez com que Pedro Kaique quebrasse o retrovisor do automóvel. A partir desse momento Sauceda ou a persegui-lo.
O condutor itiu no interrogatório que dirigiu acima da velocidade permitida na Avenida Interlagos, ando do limite de 50 km/h e atingindo uma velocidade entre 60 a 70 km/h. Veja o vídeo do momento do acidente:
A fala foi feita durante oitiva no 11º Distrito Policial, em Santo Amaro, onde o caso foi registrado devido à proximidade da ocorrência. Posteriormente, Igor prestou um novo depoimento no 48º DP, de Cidade Dutra, que assumiu a investigação do crime.
A vítima apresentou sinais de traumatismo craniano encefálico e fratura do braço direito. O caso foi registrado como homicídio culposo e lesão corporal culposa, já que a mulher que estava no Porsche também ficou ferida.
Questionado se teve um “momento de fúria” ao atropelar a vítima, o condutor do Porsche negou essa possibilidade e alegou ter tentado desviar da motocicleta antes de bater contra um poste e uma árvore, atingindo também a moto.
No dia 30 de julho, Sauceda ou por audiência de custódia e o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) decidiu converter a prisão em flagrante em preventiva. Ele foi indiciado por homicídio doloso com agravante de motivo torpe e fútil.
No início do mês de agosto do ano ado, Igor foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por homicídio triplamente qualificado. A denúncia apontava que ele teria agido com a intenção de matar.
O pedido do MP foi aceito pela Justiça com base em indícios de autoria e provas da materialidade do crime.
Durante as investigações, o advogado que representa o motorista da Porsche, Carlos Bobadilla, manteve a postura de que estava "adotando as medidas processuais cabíveis". Em todas as tentativas de contato, Bobadilla afirmava que não se manifestaria naquele momento, "limitando sua atuação seguindo estritamente o devido processo legal".
Já na soltura de Sauceda, o juiz responsável pelo caso disse que a instrução do processo não confirmou a versão inicial de que o acusado teria histórico de comportamento ameaçador ou usava o veículo para intimidar desafetos, justificando a concessão de liberdade.
Com a decisão da última sexta-feira (30), o motorista cumprirá algumas condições para permanecer livre, como comparecer mensalmente à Justiça para justificar suas atividades, não sair da comarca por mais de oito dias sem autorização judicial, entregar o aporte em até 24 horas após a soltura, usar tornozeleira eletrônica e permanecer com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa.
*Sob supervisão de Felipe Souza