Tarcísio depôs como testemunha de defesa de Bolsonaro na ação penal que investiga tentativa de golpe de Estado em 2022.
Ao Supremo, o governador paulista negou que Bolsonaro tenha cogitado a possibilidade de uma ruptura institucional.
"Jamais. Nunca. Assim como nunca tinha acontecido durante meu período no ministério, da mesma forma nesse período que eu tive presente com presidente na reta final, nas visitas que fiz, nas conversas que eu tive, jamais tocou nesse assunto, jamais mencionou qualquer tentativa de ruptura. Presidente estava triste, resignado. Na primeira visita vi situação de saúde, presidente com eripsela. Conversávamos sobre muita coisa e esse assunto [golpe] nunca veio a pauta", afirmou.
Em oportunidades anteriores, como em novembro ado, Tarcísio defendeu Bolsonaro e afirmou que as acusações da PF contra o ex-presidente sobre a existência de uma trama golpista eram uma “narrativa” que “carece de provas”.
Neste ano, em fevereiro, ele disse que a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) era uma questão de "forçação de barra" e "revanchismo".
O senador e ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira (PP-PI), também relatou, em depoimento ao STF nesta manhã, que Bolsonaro ficou “um período deprimido” após o resultado das eleições de 2022 e se recolheu no Palácio da Alvorada em virtude de um problema de saúde.
Ciro, que conduziu a transição de governo com a equipe do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), negou que o ex-chefe do Executivo tenha tido envolvimento com uma suposta tentativa de golpe.
“Nunca aconteceu isso, todas as orientações foram para que fizesse a transição da melhor forma possível”, afirmou na oitiva.
A Primeira Turma do Supremo está colhe as últimas oitivas de testemunhas no processo que apura a suposta trama golpista. Os depoimentos devem se estender até a próxima segunda-feira (2).
Dentre as testemunhas de acusação, o maior destaque foi para os ex-comandantes do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, e da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Júnior, que apresentaram versões conflitantes sobre acontecimentos. Os dois concordaram em depoimento, porém, sobre fato essencial: Bolsonaro trabalhou em uma minuta que previa medidas para impedir a posse de Lula.
Ambos os ex-comandantes afirmaram ter tido o ao documento de teor golpista, participado de reuniões sobre o tema e rejeitado participação no plano.
No entanto, diferentemente das testemunhas de acusação, a maior parte dos depoentes de defesa negaram saber de qualquer plano ou minuta de golpe.
O ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), por exemplo, afirmou que todas as reuniões das quais participou após as eleições trataram apenas da transição de governo. Afirmou ainda que Bolsonaro, embora abatido, demonstrou estar pronto para entregar o cargo.