"Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias, eu vim a princípio buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e agora eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo", afirmou a deputada em entrevista à Rádio Auri Verde Brasil.

Apesar de condenada, a defesa da parlamentar recorreu da decisão, pedindo a absolvição de Zambelli e afirmando que houve cerceamento de defesa pela falta de o a todas as provas produzidas durante a investigação.

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Por isso, especialistas ouvidos pela CNN explicam que, a mudança não pode ser considerada como fuga.

"Ela não pode ser considerada foragida porque não existe um mandado de prisão expedido contra ela", diz o advogado criminalista Anderson Lopes, mestre em processo penal pela USP.

Na mesma linha, a advogada criminal Ilana Martins, sócia do Martins Luz & Falcão Sande, explica que, no entanto, a partir da viagem da parlamentar, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pode requerer ao Supremo Tribunal Federal (STF), alguma medida cautelar.

"Em tese ela não é considerada foragida porque o aporte dela foi devolvido, ela não tinha restrições de viagem e a condenação dela ainda está em fase recursal. No entanto, a PGR pode requerer ao STF alguma medida cautelar diante dessa nova situação, sobretudo se restar clara uma tentativa dela de se furtar à aplicação da lei penal", explica.

Como complemento, o professor de Direito Constitucional da UFF, Gustavo Sampaio argumenta que "se o próprio Poder Judiciário restituiu o documento à parlamentar, não há, em princípio, justa causa para se considerá-la foragida, em escape".

"Todavia, se se demonstrar que a saída dela do nosso território nacional teve por objetivo evitar a iminente aplicação da lei penal, então, neste caso, se poderá considerar o status de foragida, podendo-se comunicar a Interpol para que se localize a apenada", acrescenta.

Não podem me deportar, diz a parlamentar à CNN

À CNN, Carla Zambelli diz que vai para a Itália e que, por ter a cidadania italiana, não pode ser deportada do país para retornar ao Brasil.

“Tenho cidadania italiana e não podem me deportar. Eles não podem me deportar sendo cidadã italiana”, afirmou.

De acordo com Anderson Lopes, o Supremo pode decidir "imediatamente sobre a prisão preventiva dela, basta que o Procurador-Geral da República formule um pedido".

"Se for decretada a medida, o nome dela pode ser lançado na difusão vermelha (red notice) da Interpol. Então, quando ela for detida no exterior, pode ser formulado um pedido de extradição ao país onde ela estiver", completa.

Relembre a condenação

Por unanimidade, os ministros do STF condenaram Zambelli e também o hacker Walter Delgatti. Além da prisão, os dois ainda devem pagar juntos, uma indenização de R$ 2 milhões.

Na ocasião, os advogados da parlamentar recorreram da condenação, alegando que "não foram franqueadas todas as provas produzidas à defesa da embargante e franquear o o à íntegra dessas provas, consubstanciadas nos 700 GB do arquivo”.

A defesa pede o o integral aos documentos e que outras consequências da condenação, como a perda de mandato, sejam afastadas.

"Não há critérios objetivos que possam quantificar e precisar, ainda que grosseiramente, o prejuízo sofrido pela istração da justiça, de modo que a fixação de indenização em patamar milionário decorre de discricionariedade do julgador sem amparo em critérios objetivos", afirmaram os advogados.

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