"Comando C4": agência alvo da PF tem nome derivado de grupo da ditadura

Polícia Federal deflagrou operação contra organização que vendia a possibilidade de monitorar e matar integrantes do STF

Yasmin Silvestre, da CNN*, São Paulo
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A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação nesta quarta-feira (28) contra uma "agência de extermínio" que vendia a possibilidade de monitorar e matar autoridades.

O grupo se autodenominava "Comando C4" (Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos) — cujo nome deriva do de um grupo paramilitar que atuou no período da ditadura militar brasileira.

Segundo a investigação, a "agência" revelada na operação de hoje cobrava R$ 250 mil para monitorar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A tabela de preços também previa o valor de R$ 150 mil se a vítima fosse senador e R$ 100 mil se a vítima fosse deputado.

A descoberta do grupo ocorreu no âmbito de uma investigação — que tramita em sigilo — sobre venda de sentenças por servidores do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.

O que foi o CCC

O Comando de Caças aos Comunistas (CCC) se formou em São Paulo e atuou entre as décadas de 60 e 80. O objetivo dos membros era fortalecer lideranças e se tornar um centro de resistência a favor do regime militar.

Inicialmente formados por estudantes, militares também aram a integrar a organização. A atuação do CCC era repressiva e violenta, chegando a se envolver em casos de assassinatos, tortura, sequestro, ameaça, atentados e depredação tanto a estudantes, como políticos e religiosos que iam contra o regime.

Atos praticados pela sigla aconteceram por mais de 20 anos. Em 1968, o nome também chegou a ser utilizado em atos em outros locais do país que se assemelhavam na prática de violentar e perseguir quem resistia ao governo da época.

*Com informações de Luísa Martins e Gustavo Uribe

*Sob supervisão de Renata Souza