"Queria anunciar que estou fora do Brasil já faz alguns dias, eu vim a princípio buscando tratamento médico que eu já fazia aqui e agora eu vou pedir para que eu possa me afastar do cargo", afirmou a deputada em entrevista à Rádio Auri Verde Brasil, de Bauru (SP).

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Relembre a trajetória da parlamentar

Nascida em 3 de julho de 1980, em Ribeirão Preto (SP), Zambelli é fundadora do movimento "Nas Ruas", que ficou conhecido por integrar os protestos em favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PL), entre 2015 e 2016

Em 2018, integrou a base de apoio à eleição de Jair Bolsonaro (PL) e foi eleita para o cargo de deputada federal pelo PSL.

Na época, dizia que sua linha de atuação seria a de "combate à corrupção" por meio de três pilares: "menos Estado, mais justiça e educação de verdade”.

Ameaça com arma

Logo após ter sido reeleita, em 2022, a parlamentar foi filmada ameaçando um homem com uma arma nos Jardins, bairro da zona central de São Paulo.

Pelo caso, o Supremo Tribunal Federal (STF) já formou maioria para condená-la pelos crimes de porte e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.

Um mês antes do acontecido, em setembro de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia proibido o transporte de armas por colecionadores, atiradores e caçadores no dia das eleições, assim como nas 24 horas que antecedem e nas 24 horas seguintes ao dia votação. O caso ocorreu na véspera do segundo turno.

No mesmo dia, a deputada afirmou, em entrevista a jornalistas, que teria “ignorado conscientemente” a resolução do TSE.

Distanciamento de Bolsonaro

Naquele ano, Bolsonaro, que concorria à reeleição, foi derrotado nas urnas pelo atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

No início deste ano, o ex-presidente atribuiu a Zambelli o resultado eleitoral. Ele afirmou que a parlamentar "tirou o mandato" de sua chapa nas eleições de 2022.

"Aquela imagem da Carla Zambell, da forma que foi usada, perseguindo o cara lá... Teve gente [que pensou]: 'olha, o Bolsonaro defende o armamento'. Mesmo quem não votou no Lula, anulou o voto. Ela tirou o mandato da gente", disse o ex-presidente.

Posteriormente, em entrevista à CNN, a deputada afirmou que a declaração de Bolsonaro a deixou "entristecida"

"Essa declaração do Bolsonaro me deixou bastante entristecida, é um peso muito grande para uma pessoa carregar", disse.

"Não vou procurar o Bolsonaro. Acho que, depois do que aconteceu, ele tem meu telefone; se ele achar que deve me ligar, ele me liga", acrescentou.

Invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça

A deputada foi condenada a dez anos de prisão pelo STF por ter invadido o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) junto ao hacker Walter Delgatti.

Além da prisão, o STF também determinou a perda do mandato da deputada, a ser executada após o trânsito em julgado da ação, ou seja, quando não houver mais possibilidade de recurso.

Segundo a denúncia PGR, os atos Zambelli e Delgatti atentaram “contra a segurança do Poder Judiciário”.

A defesa chegou a entrar com embargos de declaração contra a decisão, alegando não ter tido o total às provas; o recurso, porém, não altera a condenação, apenas adia o trânsito em julgado do processo.

Saúde

Depois da decisão pela condenação, a deputada convocou jornalistas à sede do PL, em São Paulo, para realização de uma entrevista coletiva.

Na ocasião, ela chamou de "injustiça" o ocorrido e disse que "não sobreviveria na cadeia".

Ela disse ser portadora de uma síndrome chamada Ehlers-Danlos, que afeta os tecidos conjuntivos do corpo. Ela disse ainda que tem um problema no coração chamado síndrome hipercinética postural ortostática, que não permite que ela permaneça muito tempo de pé, e que toma medicamentos para tratar depressão.

"Eu estou pegando vários relatórios dos meus médicos e eles são unânimes em dizer que eu não sobreviveria na cadeia. Então, a gente deve apresentar isso em momento oportuno", disse.

Durante a entrevista, um de seus assessores interrompeu a deputada para lhe entregar remédios. Segundo ele, ela tomou os comprimidos naquele momento porque ele havia esquecido os remédios e atrasado o horário, e não para que tomasse em frente às câmeras.

Advogado deixa a defesa

Após o anúncio de que deixou o Brasil, o advogado Daniel Bialski disse, por meio de nota, que estaria deixando a defesa da parlamentar.

"Eu fui apenas comunicado pela deputada que estaria fora do Brasil para dar continuidade a um tratamento de saúde. Todavia, por motivo de foro íntimo, estou deixando a defesa da deputada, como já lhe comuniquei", diz o comunicado.

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Carla ZambelliSTF (Supremo Tribunal Federal)