Moraes manda PF ouvir Mourão sobre ligação de Bolsonaro antes de oitiva
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal (PF) colha depoimento do senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), em até 15 dias, para prestar esclarecimento sobre a ligação feita a ele por Jair Bolsonaro (PL), antes de depor como testemunha na ação penal da trama golpista. A decisão é datada dessa segunda-feira (2).
A determinação atendeu pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) que alegou que Mourão possa ter sido submetido a "constrangimento e intimidação", antes de ser ouvido como testemunha no STF.
Segundo a PGR, "revela-se necessário, a priori, a oitiva da testemunha a fim de averiguar a veracidade e a extensão dos fatos veiculados, possibilitando a formação de um juízo de valor fundamentado e esclarecido sobre a matéria, antes da adoção de outras medidas eventualmente necessárias ao caso”.
A ligação de Bolsonaro para Mourão foi revelada inicialmente pelo portal Metrópoles e confirmada pela CNN com o próprio senador. O depoimento, conforme a PGR, deve esclarecer os assuntos tratados durante o telefonema.
Ao Supremo, a PGR também solicitou que a petição seja analisada de forma sigilosa e avulsa ao processo da ação penal do chamado "núcleo crucial". O pedido foi deferido por Moraes.
“Falamos na véspera sobre os pontos fortes a serem abordados: transição e 8 de janeiro”, disse Mourão à CNN logo após a divulgação da ligação. No entanto, o senador mudou a versão e disse que eles conversaram apenas sobre o estado de saúde do ex-presidente.
Mourão foi indicado como testemunha pelas defesas de Bolsonaro e dos ex-ministros Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, todos réus do “núcleo 1” da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.