A pesquisa, publicada no New England Journal of Medicine, mostrou que pacientes com câncer colorretal em estágio 3 de alto risco que seguiram um programa estruturado de exercícios por três anos após o término da quimioterapia tiveram melhores taxas de sobrevida (tempo de vida após o diagnóstico) e menos recividas (retorno da doença) em comparação com aqueles que apenas receberam orientações gerais de saúde.
"Como oncologistas, uma das perguntas mais comuns que recebemos dos pacientes é: 'O que mais posso fazer para melhorar meu resultado?'. Esses resultados agora nos fornecem uma resposta clara: um programa de exercícios que inclua um personal trainer reduzirá o risco de câncer recorrente ou novo, fará você se sentir melhor e ajudará você a viver mais", afirma Christopher Booth, autor principal do estudo, em comunicado.
Para chegar às conclusões, os pesquisadores inscreveram 889 pacientes com câncer de intestino ressecado em estágio 3 ou em estágio 2 de alto risco em 55 locais em seis países entre 2009 e 2024. Os pacientes que receberam quimioterapia adjuvante foram designados aleatoriamente para um programa de exercícios estruturado ou para um grupo de materiais de educação em saúde, com informações sobre atividade física e alimentação saudável.
Aqueles que participaram do programa de exercícios receberam orientações de um personal trainer que aplicou uma intervenção de exercícios utilizando metodologia de mudança comportamental ao longo de três anos. O objetivo do programa era aumentar a atividade física recreativa em pelo menos 10 MET-horas por semana em relação ao valor basal durante os primeiros 6 meses — e manter esse nível por 3 anos. Um MET é a razão entre a taxa metabólica de trabalho de um indivíduo e sua taxa metabólica de repouso. Os participantes escolheram o tipo, a frequência, a intensidade e a duração do exercício aeróbico no programa.
Embora os pacientes de ambos os grupos tenham apresentado ganhos em sua função física, esses ganhos foram maiores entre aqueles que participaram do programa de exercícios estruturados.
Segundo o estudo, a sobrevida livre da doença em cinco anos foi de 80% no grupo que participou do programa e de 74% no outro grupo. Em oito anos, a sobrevida global foi de 90% no grupo com programa de exercícios estruturados e de 83% no grupo com materiais de educação em saúde.
"Em pacientes com câncer de cólon em estágio III e estágio II de alto risco, um programa de exercícios estruturados de 3 anos, iniciado logo após a conclusão da quimioterapia adjuvante, melhora a sobrevida livre de doença, a sobrevida global, o funcionamento físico relatado pelo paciente e o condicionamento físico relacionado à saúde. Os sistemas de saúde devem incorporar programas de exercícios estruturados como padrão de atendimento para essa população de pacientes", concluíram os autores do estudo.