De acordo com um artigo publicado no servidor de pré-prints arXiv e aceito para publicação na revista científica Planetary Science Journal, existem algumas mudanças que podem ajudar a refinar a definição atualmente aceita pela comunidade científica. Um pré-print é um artigo divulgado pelos cientistas antes de ter uma publicação em revista científica, quando os dados são revisados por outros pesquisadores.

Liderados pelo professor de ciências terrestres, planetárias e espaciais da Universidade da Califórnia (UCLA), Jean-Luc Margot, os pesquisadores planejam apresentar a proposta na próxima assembleia geral da IAU, programada para acontecer em agosto de 2024.

Uma das principais mudanças defendidas é a adição de uma característica importante: os planetas não devem ser limitados aos corpos celestes que orbitam o Sol. Atualmente, todos os objetos cósmicos que apresentam semelhanças com os planetas do nosso sistema, mas não orbitam o Sol, são chamados de exoplanetas. Ou seja, os autores acreditam que muitos desses exoplanetas são, na verdade, planetas.

O que é um planeta?

Estabelecida em 2006 pela União Astronômica Internacional, a atual definição do que é um planeta inclui três características específicas. É importante ressaltar que o objeto deve apresentar esses três atributos simultaneamente — não basta ter cada um separadamente.

Três características para definir um planeta:

O recente estudo explica que a característica de "limpar a órbita" é muito simplista e não descreve exatamente o que isso significa. Assim, a nova mudança propõe adicionar alguns critérios que sejam mais fáceis de quantificar matematicamente tanto a "limpeza" quanto os outros atributos definidos pela IAU.

Caso as mudanças sejam aceitas pela União Astronômica Internacional, exoplanetas com as características propostas poderão ser reclassificados como planetas. / Crédito: Nasa
Caso as mudanças sejam aceitas pela União Astronômica Internacional, exoplanetas com as características propostas poderão ser reclassificados como planetas. / Crédito: Nasa

Três características propostas para a nova definição do que é um planeta:

Muitos cientistas acreditam que a mudança pode ser consideravelmente importante, pois as definições atuais são vagas e teoricamente podem levar a erros. A ideia é que as características sejam mais detalhadas para garantir que os objetos cósmicos sejam identificados corretamente pelos astrônomos.

“Ter definições ancoradas na quantidade mais facilmente mensurável — massa — elimina argumentos sobre se um objeto específico atende ou não ao critério. Esta é uma fraqueza da definição atual”, disse um dos coautores do artigo e associado da Universidade da Colúmbia Britânica, Brett Glan, em um comunicado.

Plutão poderia voltar a ser um planeta?

Em 2006, Plutão foi reclassificado como um planeta anão porque não apresenta a última característica mencionada na lista da atual definição da IAU: o corpo celeste não "limpou" sua órbita o suficiente.

Se as novas adições forem realmente aceitas na assembleia geral da IAU, elas não ajudarão a reclassificar Plutão. A nova proposta inclui um limite mínimo de massa para que os planetas consigam limpar suas órbitas e o planeta anão não se encaixa nessa característica.

Tópicos
AstronomiaPlanetaPlutão