“Meu objetivo era criar uma série de e-books únicos e cativantes, mesclando ficção científica distópica com construção de mundo de IA convincente. Os livros são uma prova do potencial da IA em aumentar a criatividade humana. Cada obra apresenta entre 2.000 e 5.000 palavras e 40 a 140 imagens geradas por IA. Geralmente, leva aproximadamente de 6 a 8 horas para ser criada e publicada. Em alguns casos, consegui produzir um volume em menos de três horas”, explicou.
De acordo com Boucher no artigo, essa taxa de produção “sem precedentes” é possível devido a ferramentas de IA como a Midjourney (versão 5.1) para geração de imagens, e ChatGPT (versão 4) e Claude, da Anthropic, para brainstorming e geração de texto.
“Vendi 574 livros por um total de quase US$ 2 mil [R$ 9.900] entre agosto e maio. Todos os livros se cruzam, criando uma teia de narrativas interconectadas que constantemente atraem os leitores e os encorajam a explorar mais. Essa abordagem tem sido bem-sucedida, com a maioria dos meus leitores sendo compradores recorrentes, muitos tendo comprado mais de uma dúzia de títulos”, disse.
“Em um caso, um leitor comprou mais de 30 títulos. Isso é realmente emocionante e gratificante para um escritor”, comentou o autor.
O criador das obras informou ainda que cada livro custa entre US$ 1,99 e US$ 3,99 (R$ 10 e R$ 19) entre e que ele vende por uma plataforma de comércio eletrônico que lhe dá maior controle. Nela, ele consegue ver mais informações sobre quem está realmente comprando os títulos e entender melhor o que seus consumidores procuram como leitores.
Tim Boucher rebateu ainda as críticas sobre suas obras curtas serem consideradas apenas contos e não um livro real, por conta da quantidade de palavras.
“Para aqueles críticos que pensam que uma obra escrita de 2.000 a 5.000 palavras é 'apenas' um conto e não um livro real, eu diria que esses 'livros não reais' mostraram retornos impressionantes para uma pequena editora independente extremamente de nicho com muita pouca promoção e basicamente nenhuma sobrecarga”, afirmou.
Para ele, o sucesso de seus livros se deve às narrativas interligadas ao longo das obras, que despertam a curiosidade e mantêm os leitores engajados. “Muitos leitores costumam voltar para comprar mais seis, oito ou até dez volumes em uma única sessão, o que sugere que o tamanho não limita o engajamento ou as vendas”.
O autor disse que, por meio das ferramentas de inteligência artificial, ele conseguiu dar vida a histórias que tinha em sua cabeça há anos. Elas também os ajudaram a criar plataformas para auxiliar no processo criativo no futuro.
“Consegui dar vida a histórias e universos narrativos que vinham se formando em minha mente há anos. Até usei a IA para me ajudar a codificar miniaplicativos que simplificarão e acelerarão ainda mais o processo criativo no futuro. Usando ferramentas, é preciso aprender e se adaptar aos limites das tecnologias existentes atualmente. Aprendi a abraçar isso, porém, e vê-las como 'recursos, não bugs', e até mesmo algo que aponta para novas oportunidades de contar histórias. Ao contrário da crença popular de que a IA substituirá os trabalhos criativos, vejo-a como um recurso poderoso para aprimorar e acelerar nossas capacidades para nos tornar melhores em tudo o que fazemos”, finalizou.