Essa enorme massa continental, que existiu entre cerca de 335 e 175 milhões de anos atrás, desempenhou um papel fundamental na formação do planeta como conhecemos hoje.
Atualmente, diversos estudos já foram publicados e seguem em desenvolvimento para explicar mais a fundo como era a Pangeia e o que levou à fragmentação.
A hipótese de que os continentes estiveram unidos no ado é bem antiga. Ainda no século 16, o cartógrafo e geógrafo Abraham Ortelius teria observado como as regiões costeiras da América e Europa/África pareciam se encaixar como peças de um quebra-cabeça.
A teoria, porém, só foi melhor desenvolvida séculos adiante pelo meteorologista alemão Alfred Wegener.
Além do encaixe dos continentes observado por Ortelius, Wegener apontou para variações de rochas e de fósseis de animais e plantas registrados em regiões hoje separadas pelo Oceano Atlântico.
Com essas evidências, Wegener chamou esse supercontinente de Pangeia (do grego "toda a Terra") e publicou um artigo, em 1912, no qual apresentava suas ideias. Três anos depois, publicou livro The Origin of Continents and Oceans ("A Origem dos Continentes e Oceanos").
Sua teoria foi, inicialmente, rejeitada pelos pares, que viam com desconfiança e incredulidade a hipótese dos continentes estarem juntos em algum momento do ado.
Somente nas décadas de 1950 e 1960, com o avanço dos estudos sobre placas tectônicas, a ideia de Wegener ganhou respaldo científico e se consolidou.
Embora Wegener tenha sido rechaçado no ado, provas da existência de um supercontinente de diversas áreas da ciência reforçam sua teoria atualmente. Algumas delas são:
Foi o que um estudo publicado no periódico Tectonophysics respondeu em 2013. Para isso, os pesquisadores utilizaram um modelo global de placas tectônicas desenvolvido na Universidade de Lausanne, na Suíça, ao longo de dez anos, para simular geodinâmicas.
A pesquisa conclui que a formação de Pangeia foi um processo gradual e complexo de colisões entre grandes continentes e microcontinentes já existentes.
Tudo começou com a formação do supercontinente Gondwana, no final do Neoproterozoico (período que se encerrou 540 milhões de anos atrás).
Com o tempo, outras massas de terra, como a Laurásia, foram se aproximando até formar uma única grande massa terrestre no Carbonífero (cerca de 335 milhões de anos no ado).
Durante a existência da Pangeia, o clima variou bastante, dependendo da localização geográfica e da época.
Estudos indicam que houve uma transição de um clima mais úmido para um clima seco e sazonal, especialmente nas regiões equatoriais. Isso favoreceu a coexistência de vegetações adaptadas a diferentes condições de umidade.
A flora era composta por plantas como coníferas, samambaias arborescentes e licófitas. Em regiões mais úmidas, predominavam as samambaias marattialeanas, enquanto áreas mais secas abrigavam coníferas e outras espécies resistentes à seca. A fauna incluía insetos, peixes, anfíbios e os primeiros répteis.
Além disso, o estudo da flora do sítio Emily Irish, no Texas (EUA) revelou uma rica diversidade botânica em regiões equatoriais da Pangeia, com espécies adaptadas tanto a ambientes úmidos quanto a áreas secas, indicando uma paisagem em mosaico sob influência de chuvas sazonais.
A fragmentação começou no final do Período Triássico, cerca de 175 milhões de anos atrás. Diversos fatores contribuíram para essa separação, como:
Com isso, a Pangeia se dividiu inicialmente em dois grandes blocos: Laurássia ao norte e Gondwana ao sul. A separação continuou ao longo dos milhões de anos seguintes, dando origem à configuração atual dos continentes.
A existência e posterior separação da Pangeia faz parte de um ciclo maior conhecido como "ciclo dos supercontinentes".
Como aponta um artigo da Nature, de 2021, esse processo de junção e separação continental se repete a cada 600 milhões de anos. Ou seja: a Pangeia não é o primeiro supercontinente do planeta.
Esse mesmo artigo indica que Terra teve, ao menos, três supercontinentes ao longo de sua história. O primeiro foi Columbia, depois Rodinia, e o mais recente, Pangeia.
No futuro, é possível que os continentes atuais voltem a se unir, um fenômeno hipotético que alguns cientistas já chamam de "Pangeia Próxima" (ou "Pangea Última").
A formação de um novo “supercontinente” poderá exterminar os humanos e todos os outros mamíferos ainda vivos dentro de 250 milhões de anos, de acordo com um estudo divulgado em 2023.
Utilizando os primeiros modelos climáticos de um futuro distante, feitos por supercomputadores, cientistas da Universidade de Bristol, no Reino Unido, previram como os extremos climáticos se intensificariam depois que os continentes do mundo se fundirem para formar um supercontinente, a "Pangea Última".